terça-feira, 29 de março de 2011

Artigo: A Leitura como Ato de Viver

A leitura como ato de viver

Por Maísa Aparecida Fernandes,

aluna da Pós-graduação em Letras (FIC)


Mar.2011



Tem sido função da escola regular o processo de alfabetização de crianças, jovens e adultos. Uma vez alfabetizados, espera-se que os mesmos se interessem pela leitura como busca de conhecimento e entretenimento.


A leitura, como ferramenta social, impõe-se no cotidiano das pessoas das mais variadas formas, e, em busca da sobrevivência, o indivíduo se vê obrigado a ler, para que possa afirmar-se como cidadão.

Desde a educação infantil, a criança é estimulada a ler, a compreender os códigos da gramática que, interpretados e analisados, proporcionarão a ela autonomia intelectual. Isso, de fato, seria real se, a maioria dos textos que lhe são oferecidos, no período escolar, estivesse em consonância com a sua realidade e o seu interesse. Mas, não é isso que ocorre: apresentam-na a casa bonita, a menina que é loira e rica, o celular de última geração, etc. Há significado em aprender somente uma faceta cultural? E as outras vozes da sociedade?

Há de se mostrar os personagens que lutam para a sobrevivência; aqueles que se angustiam com o desemprego e os desníveis sociais; os que acertam, mas que também erram; os que ora perdem, ora ganham. Assim, as tramas da ficção passam a se cruzar com as das crianças e jovens, gerando empatia e a certeza de que suas vidas também são valiosas e geram sonhos, conquistas e livros. As tranças de Bintou é um texto infanto-juvenil que cai perfeitamente bem no imaginário de meninas de cabelos crespos e ou encaracolados e que se verão nos sonhos de Bintou. Cada menino solitário de mãe realiza catarse ao se imaginar o filho de Ulomma em A Casa da Beleza.

Aprender a ler é uma ação diária e ininterrupta que deve para tanto caminhar com o cidadão durante toda a sua vida. Na primeira infância estão os primeiros passos dessa jornada que, para continuar, deve estar acompanhada do prazer de se ver nos personagens, nas tramas, nos roteiros estabelecidos pelos autores que lhes são oferecidos.

Estando alfabetizado, o educando deseja ler e compete aos responsáveis por este aprendizado em sua vida oferecer-lhe material farto e enriquecedor que lhe possibilite, diariamente, o desenvolvimento do ato de ler. Deverá fazer parte deste repertório os textos e autores que se vinculam ao cotidiano do educando por uma prática e enredo repletos de experiências enriquecedoras pertencentes tanto à cultura popular quanto à erudita.

Constatamos, atualmente, o baixo índice de leitura consciente por parte dos estudantes brasileiros e acreditamos que isso se deve, também, à limitada aprendizagem da leitura, que precisa ultrapassar a decifração dos signos linguísticos. O leitor precisa desenvolver os passos para se tornar crítico, ou seja, necessita de: compreender o que leu, interpretar, refletir e transformar as informações obtidas em ações no seu dia a dia.

É tempo de os governantes e profissionais da educação pensarem em estratégias que modifiquem o cenário atual no que se refere à questão do ensino da leitura, nas escolas brasileiras, pois as consequências desse descaso são visíveis no subdesenvolvimento de nossa nação.


Bibliografia


BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito de leitura. 7. ed. São Paulo: Ática, 2006. CAMPS, Anna; COLOMER, Teresa. (TRAD. Fátima Murad). Ensinar a Ler, ensinar a compreender. Porto Alegre: Atmed, 2002. GERALDI, Wanderley João (org). O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 2004. ZILBERMANN, Regina. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1993.

Nenhum comentário: